Cantor e compositor é responsável por canções como "A Voz do Morro" e "Diz Que Fui Por Aí"
Se você é brasileiro com certeza já ouviu, ainda que sem querer, alguma canção de Zé Keti. Ele, que era cantor e compositor, foi gravado por diversos nomes da nossa música, como Zeca Pagodinho, que elevou o sucesso do clássico "A Voz do Morro". Foi um nome importantíssimo e considerado como referência para a criação da Bossa Nova, além de ter sido uma das figuras de destaque em incontáveis rodas de samba e diversos carnavais.
Mas qual é a história de Zé Keti, um dos grandes mestres do samba?
Quem era Zé Keti?
Zé Keti foi um cantor e compositor de grande sucesso, em especial dentro do samba. Era um verdadeiro apaixonado por música e iniciou sua trajetória aos 13 anos de idade, quando passou a frequentar os ensaios da escola de samba Estação Primeira de Mangueira.
No final dos anos 1930, começou a escrever suas primeiras marchinhas de carnaval e alternava o seu tempo entre a arte de escrever com a necessidade de trabalhar em fábricas, gráficas e até mesmo como policial militar.
Na década de 50 o jogo virou: Zé Keti escreveu o seu maior sucesso, "A Voz do Morro", que foi gravada por Jorge Goulart, com arranjo de Radamés Gnattali. A música foi tema do filme Rio 40 Graus e, desde então, foi regravada diversas vezes por diversos cantores, entre eles César Guerra-Peixe, Elis Regina, Demônios da Garoa e Zeca Pagodinho.
Dentro das rodas de samba, era um dos mais prestigiados. Colecionou sucessos em sua própria voz e continuou a ser regravado por outros cantores. Sendo assim, Zé Keti se tornou referência quando falamos em samba e, na época de "A Voz do Morro", ele foi uma figura importante para os criadores da Bossa Nova, que viam suas canções como grandes inspirações para o novo estilo que estava a surgir, tendo em vista que a Bossa Nova foi baseada no Jazz e no Samba.
Influência da família
O amor pela música não é incomum e veio muito cedo para Zé Keti. O pai do sambista, o marinheiro Josué Vale de Jesus, tocava cavaquinho e o avô, João Dionísio de Santana, era flautista e pianista.
Em sua casa, eram frequentes as rodas de choro e, inclusive, com a presença de músicos importantes, como Pixinguinha e Cândido Das Neves. O ambiente e as influência foram essenciais para a formação de carreira de Zé Keti.
Os maiores sucessos de Zé Keti
Zé Keti colecionou sucessos e segue sendo regravado até hoje. Além de "A Voz do Morro", o autor tem uma safra riquíssima de músicas elencadas entre as mais populares dentro do cancioneiro nacional.
Diz Que Fui Por Aí
Faixa composta em parceria com Hortêncio Rocha, "Diz Que Fui Por Aí" foi feita para o espetáculo "Opinião", que ficou na história ao bater de frente com a Ditadura Militar por trazer canções que expunham problemas sociais da época. O elenco do show era formado por Nara Leão, João do Vale e o próprio Zé Keti.
Máscara Negra
A marchinha "Máscara Negra" foi uma das mais ouvidas no Carnaval de 1967 e, posteriormente, virou um clássico quando gravada em disco. Embora seja um grande sucesso, foi, também, uma enorme polêmica. Na época, Zé Keti sofreu a acusação de ter roubado a letra de Deusdedith Pereira Mattos, irmão de Hidelbrando Pereira Mattos, que assina "Máscara Negra" com Keti. Embora o bate boca tenha durado por anos, nunca foi provado qualquer intervenção negativa por parte de Zé.
Acender As Velas
Uma das mais fortes canções de caráter social de Zé Keti, "Acender As Velas" denuncia a situação de pobreza da população que vivia nas periferias. Além de ter sido registrada em voz pelo próprio compositor, a música é mais uma que ganhou interpretação de Nara Leão no disco "Opinião", de 1964. Os versos "Porque no morro/ Não tem automóvel pra subir /Não tem telefone pra chamar/ E não tem beleza pra se ver/ E a gente morre sem querer morrer" traduzem bem o simbolismo da faixa.
Opinião
Na lista de sucesso, claro, não podia faltar "Opinião". Faixa que deu o título para um dos espetáculos teatrais mais cultuados da história do Brasil é um dos maiores símbolos de resistência, com uma letra forte e interpretação histórica de Nara Leão.
É uma das músicas que, alguma vez na vida, é necessário ser escutada e é caso de estudo para as faculdades e pesquisas.
Arte que ainda é reverenciada
Zé Keti faleceu em 1999 quando tinha 78 anos, mas continua vivo por meio das muitas canções que fizeram e continuam a fazer história dentro da música popular brasileira. Prova disso é a belíssima interpretação de Zeca Pagodinho para "A Voz do Morro" no show "De Santo Amaro a Xerém", apresentação esta que une Zeca e Maria Bethânia, cantora que esteve junto do próprio Zé Keti no espetáculo "Opinião".
Outro exemplo é a versão "Diz Que Fui Por Aí" de Fernanda Takai, apresentada ao vivo no show "Luz Negra". Estes dois shows estão disponíveis na WePlay.
Comments