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Foto do escritorLucas Lima

Quando a crítica musical torceu o nariz para Marisa Monte (e errou feio)

Em 1991, cantora lançava seu primeiro álbum com canções autorais

Marisa Monte
Marisa Monte em foto de Arnaldo Alves

Marisa Monte causou um estardalhaço na cena musical após o especial "MM Ao Vivo", transmitido pela Rede Manchete em 1989. O registro trazia interpretações singulares para clássicos da música brasileira, como "Comida", "Negro Gato", "Ando Meio Desligado", além da versão em português para a canção italiana "E Po' Che Fa", versionada por Nelson Motta como "Bem Que Se Quis".


Após o sucesso com o disco ao vivo, era hora de traçar novos caminhos. Foi então que, em 1991, Marisa lançou "Mais", seu primeiro álbum de estúdio com canções autorais. Com produção de Arto Lindsay, o LP trouxe sucessos como "Beija Eu" (Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Arto Lindsay), "Ainda Lembro" (Marisa Monte, Nando Reis), "Eu Sei (Na Mira)" (Marisa Monte) e muitos outros.



Embora sejam canções que atravessaram as barreiras geracionais e se consolidaram como sucessos dentro da música brasileira, na época de lançamento o álbum "Mais" não foi tão bem recebido pela imprensa, em especial pela crítica carioca.


E as críticas vieram justamente em cima das composições de Marisa. A manchete do jornal O Globo, de 18 de março de 1991, apontava: "Cantora sim, compositora não". Texto assinado pelo jornalista Luciano Trigo dizia que as letras da artista soavam como algo semelhante a "devaneios de uma criança em idade pré-escolar".



Já Mauro Ferreira, cultuado crítico musical conhecido pela admiração ao canto feminino, elogiou a guinada eclética de Marisa Monte em "Mais", mas caracterizou como "um erro" sua apresentação como compositora. Anos depois, o jornalista se redimiu e elencou "Mais" como um disco moderno, que resistiu ao tempo e ganhou ainda mais relevância desde a época de lançamento.


Já O Estado De S. Paulo trouxe uma resenha positiva. Artigo assinado por Lauro Lisboa Garcia citou que, em "Diariamente" (Marisa Monte, Nando Reis) Marisa se aproximava a algo parecido com Gal Costa no final dos anos 60. "Um trabalho com frescor de estreia", dizia o texto.


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