Série de entrevistas coloca luz sobre mulheres inspiradoras do mercado fonográfico
A música é feita por muitas mulheres e essa afirmação vai além das cantoras, compositoras ou musas inspiradoras. Por trás do glamour dos palcos, das gravações dos discos e das grandes produções, há mulheres que trabalham em todos os cantos e a nova série "Mulheres Na Música" busca levar os holofotes para elas.
E hoje vamos conhecer a história de Aline Oliveira, produtora em um dos maiores projetos audiovisuais do Brasil, o Showlivre. E foi lá que Aline cresceu dentro do mercado fonográfico. "Minha vida profissional começou com a produção de TV, passando pela TV Globo e TV Cultura, até que em 2015 comecei a trabalhar diretamente com música, quando entrei no Showlivre para produzir as apresentações dos artistas no estúdio", conta a produtora.
Leia a seguir a entrevista na íntegra:
WP: Como você começou a trabalhar com música e por que se interessou pela área?
Aline: A música sempre foi um dos meus principais interesses pessoais, muito por influência do meu irmão mais velho, Paulo, que é músico, e de outros familiares que também tocam. Na adolescência, aprendi a tocar violão e tive minha primeira banda. Já minha vida profissional começou com a produção de TV, passando pela TV Globo e TV Cultura, até que em 2015 comecei a trabalhar diretamente com música, quando entrei no Showlivre para produzir as apresentações dos artistas no estúdio.
WP: Quais funções você já exerceu dentro do mercado da música e o que você faz hoje?
Aline: Minhas funções começaram ligadas à produção artística e técnica, fazendo a ponte entre o artista e a equipe audiovisual, numa época em que os conteúdos do Showlivre eram exibidos apenas no YouTube. De lá para cá, o negócio cresceu, com a distribuição digital dos fonogramas nas plataformas digitais e a consolidação do Showlivre como gravadora e editora. Hoje, coordeno a produção do Showlivre, acompanho todas as etapas, desde a definição da agenda pela curadoria, passando pela pré-produção, gravação e lançamento, com foco principal nessa última fase de estratégia de lançamento dos álbuns e vídeos. Paralelamente, faço a produção executiva dos shows do Castello Branco, um artista muito talentoso da MPB, e coordeno a distribuição digital da discografia do Josildo Sá, artista importante para a música regional de Pernambuco.
WP: Qual é a sua maior alegria ao trabalhar com música?
Aline: Me realizo e me sinto feliz trabalhando nessa área, por dar suporte para que a criação dos artistas se materialize e chegue ao público com qualidade.
WP: E qual é o seu maior desafio?
Aline: Um grande desafio, além de um objetivo, é buscar modelos de negócio que sejam justos para todos os envolvidos na cadeia produtiva. Para quem cria, produz, grava, interpreta, mixa, registra, distribui e todos os que fazem a música acontecer.
WP: Existe algum projeto especial ou um momento que marcou a sua carreira?
Aline: Um projeto muito especial foi o Estúdio Nova. Nós fizemos a produção audiovisual para esse programa, da Rádio Nova Brasil FM. Durante uma temporada, recebemos no estúdio artistas da grandiosidade de Djavan, Alceu Valença, Zélia Duncan, Nando Reis, Titãs e o Lenine, de quem guardo uma lembrança especial, tocando o violão que tinha acabado de voltar do luthier e que havia sido de Dorival Caymmi. O carinho e a paixão com que ele tocava no instrumento e contava histórias seguem muito vivos na minha memória.
WP: Hoje você exerce o cargo de coordenadora de produção no Showlivre. É uma posição importante em uma grande empresa. Hoje, como você vê a presença feminina no mercado da música?
Aline: A gente sabe que o espaço ocupado por mulheres no mercado da música é, ainda hoje, muito menor que aquele ocupado por homens. As mulheres se veem na necessidade de provar diariamente que sabem o que estão fazendo em suas profissões, para se manterem atuando nelas. Mas vejo a presença feminina aumentando no mundo dos shows, especialmente nas equipes técnicas. Tenho conhecido profissionais excelentes, que estão com a agenda cheia de shows e abrindo espaço para outras que estão chegando.
WP: Quais conselhos você daria para quem quer começar uma carreira dentro do mercado da música, em especial para a área de produção?
Aline: Esteja próxima do que você deseja fazer, frequente os eventos, consuma e interaja com conteúdos que você gostaria de produzir. Além disso, tenha uma mentora, uma pessoa que te inspire e te ajude a construir um caminho para onde você busca ir.
WP: Para finalizar, para você o que é mais importante de se pensar quando falamos de mercado da música no Brasil?
Aline: A música tem um poder inexplicável de trazer à tona sentimentos, memórias e emoções capazes de afetar e transformar as pessoas. Esse é um valor que precisa ser sempre lembrado e convertido em investimento para alimentar todo o ecossistema produtivo. Esse valor precisa ser reconhecido e investido por quem consome e pelo Estado que, constitucionalmente, deve apoiar e valorizar a difusão das manifestações culturais.
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