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Foto do escritorLucas Lima

Entrevista: Bruno Gouveia relembra show histórico do Biquini Cavadão no Ceará Music

Apresentação histórica gravada em 2004 está disponível na WePlay Music TV


Bruno Gouveia relembra show histórico no Ceará Music
Bruno Gouveia| Foto: Laura Tadin

Quando Bruno Gouveia subiu ao palco do Ceará Music 2004, em Fortaleza, com uma camiseta amarela e uma calça jeans, sabia que ia ter ali, naquela noite, o necessário para uma apresentação de sucesso: a energia do público presente. Isto porque a banda do qual Bruno é frontman, o Biquini Cavadão, já tinha tido êxito em edições anteriores, com shows que tiraram o fôlego de milhares de pessoas.


Na contramão do que sugeriam pessoas próximas da banda, o Biquini Cavadão escolheu justamente Fortaleza, mais precisamente o Ceará Music, como palco para a gravação do DVD "Ao Vivo", gravado em 2004 e lançado pela Deckdisc em DVD. Hoje, o registro encontra-se disponível na WePlay, a primeira plataforma de streaming de shows brasileiros.


Bruno Gouveia relembrou essa experiência, em que o próprio músico julga como um divisor de águas para a banda. "Era uma simbiose perfeita. O Biquini conseguia traduzir a energia do festival e, ao mesmo tempo, tínhamos a oportunidade de se apresentar para dezenas de milhares de pessoas. Foi fundamental para a nossa carreira".


Confira a entrevista completa com o vocalista:


WePlay: O Biquini Cavadão esteve na primeira edição do Ceará Music e voltou ao palco do festival em 2004, para a gravação do DVD. O quão importante foi esse festival para a banda?

Bruno: Não só estivemos na primeira, como estivemos em todas edições do Ceará Music. Em 2003, tocamos duas vezes e, em 2004, por conta da gravação do DVD, também estivemos em dois dias no festival. Ou seja, tocamos mais vezes do que todas as edições existentes.


Isso se deve a uma simbiose perfeita. O Biquini conseguia traduzir a energia do festival e, ao mesmo tempo, tínhamos a oportunidade de se apresentar para dezenas de milhares de pessoas. Existia um público que estava falando o tempo todo sobre essa energia. Esse show, realmente, foi fundamental para a nossa carreira. Um divisor de águas.


Quando resolvemos gravar um DVD, ninguém entendia porque queríamos gravar em Fortaleza. E tinha que ser lá, para mostrarmos essa energia. Nos falavam para gravarmos no Rio de Janeiro, ou em São Paulo, Minas Gerais. Mas tinha que ser em Fortaleza.


Acabou que virou um marco da nossa história, tivemos um resultado muito forte e até hoje o pessoal fala para mim: "Pô, eu vi vocês em um DVD, com você com uma camisa amarela, gravado no Nordeste". Foi mesmo muito importante.


WP: O show de 2004, que virou DVD, é mesmo considerado um dos mais marcantes de todas as edições do Ceará Music. Além da performance da banda, o que mais você acha que colaborou para que essa apresentação ficasse para a história?

Bruno: Esse show foi fruto de edições anteriores. O show de 2002, por exemplo, tocamos com o dia nascendo e as pessoas não foram embora. Gravamos, inclusive, o videoclipe para "Toda Forma de Poder", do Engenheiros, e era sete horas da manhã.


No ano seguinte, no meio do show, a organização veio nos procurar para tocar no domingo também. O DVD só foi o que foi pelo o que fizemos também durante as edições anteriores.

"Uma coisa que não muda com o passar dos anos é a energia do público diante a um artista que eles gostam. A diferença é que eles captam e deixam isso na eternidade."

WP: Você lembra de alguma curiosidade, alguma história de bastidores sobre o dia da gravação para nos contar?

Bruno: Lembro que tivemos coisas bem legais! O Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, apareceu no camarim e bateu um longo papo com a gente. Ele não tem ideia do quanto aquilo descontraiu todo mundo. Estávamos todos tensos, nervosos, embora estivéssemos felizes com a realização do festival. O frio na barriga existia (risos). O mais legal foi esse acolhimento, não só do Dinho, mas de todos os artistas presentes. Achei muito bonito.


WP: O repertório do show tem grandes clássicos do Biquini e também clássicos do rock nacional dos anos 80, como "Camila", do Nenhum de Nós e "Toda Forma de Poder", dos Engenheiros do Hawaii, que também estão no álbum "80", do Biquini. Por que é importante valorizar canções feitas nesse período?

Bruno: O show era o registro da turnê desse disco, o "80". Ainda incluímos algumas canções que nunca tinham sido gravadas, "Dani", "Vou te Levar Comigo" e "Quanto Tempo Demora Um Mês", músicas que se tornaram verdadeiros hits do Biquini Cavadão no século XXI.


O Biquini sempre teve essa coisa de valorizar a nossa própria geração. "Carta Aos Missionários", do Uns e Outros, "Camila", do Nenhum de Nós e "Toda Forma de Poder" foram três canções que a gente falou assim: 'cara, vamos colocá-las, porque elas têm uma energia muito positiva'.


Acredito que, de uma certa forma, o Biquini deu uma característica, uma personalidade muito grande para essas canções. Ou seja, a versão de "Camila", do Nenhum de Nós, é maravilhosa. E conseguimos fazer uma versão com outra proposta, mas igualmente bonita. Assim fizemos com cada uma das músicas. As vezes as pessoas chegam e falam que adoram o Biquini por conta de "Carta Aos Missionários", como se a música fosse nossa, mas, não, é do Uns e Outros. A mesma coisa acontece com "Chove Chuva", por exemplo. Isso é muito legal.



Biquini Cavadão em foto de Laura Tadin


WP: Você consegue citar 3 shows de bandas dos anos 80 que você recomenda que todo mundo assista pelo menos uma vez na vida?

Bruno: Cara, se vocês não viram o show do Uns e Outros, eu diria a vocês para irem correndo assistir. O repertório do Uns e Outros não se prende ao grande sucesso de "Carta Aos Missionários". É uma banda que sempre está construindo repertório novo, com letras instigantes. O disco "Canções de Amor e Morte", de 2006, é, para mim, um dos grandes álbuns que foram lançados nos últimos 20 anos.


Outro show que eu recomendo demais é o do Nenhum de Nós. O Thedy (Corrêa) é um compositor de mão cheia, a banda é sempre afiada e, claro, eles têm aquela coisa de misturar as sonoridades do sul. Eles também sabem fazer com que regravações fiquem com a cara deles, e isso é muito importante.


O terceiro show, caso vocês ainda não tenham visto, é o dos Selvagens À Procura da Lei, afinal de contas são crias da casa e precisam e devem ser muito valorizados. As apresentações são bonitas, as músicas são fortes. Recomendo muito!!


WP: Fazendo um paralelo com o show de 2004 com os shows atuais, como você enxerga a evolução do Biquini no palco de lá pra cá?

Bruno: A grande evolução que tivemos é a tecnológica. Você ter hoje um show com telões, que cada vez mais criam ambientações incríveis, é muito legal. A inovação de luz, principalmente, foi muito importante e, claro, a qualidade sonora, as texturas, os timbres.


Uma coisa que não muda com o passar dos anos é a energia do público diante a um artista que eles gostam. A diferença é que eles captam e deixam isso na eternidade. Hoje, se eu quiser saber como é que foi um show de um amigo meu, de um artista que eu gosto, eu tenho como achar.


"O Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial, apareceu no camarim e bateu um longo papo com a gente. Ele não tem ideia do quanto aquilo descontraiu todo mundo."

WP: A WePlay é a primeira plataforma de streaming de shows brasileiros e é a primeira que nasceu com o propósito de valorizar os artistas. Então, ao assistir a um show, é como se você folheasse um encarte, com os créditos de autores e músicos. O quão importante para você é essa preocupação com os créditos, tendo em vista que com o surgimento dos serviços de streaming ficou mais difícil de termos essas informações de forma clara?

Bruno: Nós trabalhamos, cada vez mais, com uma palavra: informação. Informação é necessária para tudo que a gente tem. Eu gostaria, por exemplo, de chegar em uma plataforma de streaming e, ao procurar uma música, eu pudesse digitar assim "eu quero uma música em que a produção foi assinada pelo Rick Rubin". Hoje, você consegue achar pelo nome do autor, mas, quando falamos em produção, ainda está muito difícil.


Então, toda e qualquer situação, que você tem realmente a forma de obter essas informações, de forma clara e rápida, é muito importante. Até para que as pessoas valorizem músicos, produtores, técnicos de todas as categorias. De repente você descobre que o que há de comum entre o show da Ana Carolina e do Capital Inicial é que os dois foram feitos com o mesmo técnico de som. Isso é muito intereressante. É muito válido que possamos ter cada vez mais informação sobre aquilo que estamos vendo.


WP: Para finalizar, o que podemos esperar do Biquini em 2023? Muitos shows, novos projetos?

Bruno: Os shows nunca param, vivemos e respiramos shows. Com certeza vamos enveredar por 2023 com muita vontade, muita garra e muita gana. Tenho certeza que é só questão de tempo para nos encontrarmos com a WePlay. É isso aí!


Relembre já o show do Biquini Cavadão no Ceará Music: https://weplaymusic.tv.br/

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