Cauby Peixoto gravou o primeiro rock genuinamente brasileiro
O rock brasileiro passou por diversas fases, períodos de experimentações, sucessos e inovações. Mas como, de fato, o gênero musical chegou ao Brasil?
Nora Ney foi percussora no estilo ao trazer ao país uma versão para "Rock Around the Clock", de Bill Halley, que, mais tarde, em uma outra versão, dessa vez refeita em português por Júlio Nagib, ficou conhecida como "Ronda Das Horas" e ganhou voz de Heleninha Silveira. Já Celly Campello foi a primeira cantora a ter sucesso com o gênero e emplacou hits como "Estúpido Cupido" e "Banho de Lua".
Agora, se você está se perguntando sobre quem fez o primeiro rock genuinamente brasileiro, o nome correto é o de Miguel Gustavo, compositor de sambas e marchinhas que ficou famoso por ter escrito o jingle do tri campeonato da seleção brasileira de futebol. Foi Miguel que escreveu "Rock ‘N’ Roll em Copacabana", canção interpretada por Cauby Peixoto em uma gravação de 1957.
Para o pesquisador musical Julio Ettore, a escolha do intérprete foi certeira: Cauby, que já tinha sua importância no cenário musical brasileiro, já tinha tido contato com o gênero em viagens aos Estados Unidos. Vinha de uma família de músicos e, segundo Ettore, "era o mais próximo que tínhamos de Elvis Presley".
Ritmo da juventude perdida
Desde que desembarcou no Brasil o rock foi visto com maus olhos, em especial porque era um ritmo que chegava com mais êxito na juventude e expressava uma certa rebeldia em comparação aos costumes da época. E foi assim por muito tempo.
Durante anos de história, temos eventos significativos que ilustram o preconceito contra o estilo. Um dos mais famosos foi a marcha contra a guitarra elétrica, que ocorreu em 1967 organizada por músicos que defendiam a soberania da música brasileira, isto porque o rock era visto como uma cultura estrangeira que estava tomando espaço de gêneros como a bossa nova e a MPB. Na época, a Jovem Guarda tinha se popularizado e trazia canções que bebiam diretamente da fonte inglesa do rock 'n' roll, em especial, por conta da explosão dos Beatles.
Dentro da classe artística, o jogo virou muito rápido. Um exemplo disso é o surgimento do tropicalismo com a presença da banda paulistana Mutantes, que tocou com Gilberto Gil no Festival da Música Popular Brasileira de 1967. Gil esteve na marcha contra a guitarra elétrica.
Mas no geral, roqueiro brasileiro continuou com o estereótipo de bandido, segundo cantou Rita Lee em 1980 em "Orra Meu". Assim era visto o estilo na década de 70, fato que se potencializou com o surgimento do punk rock dentro das periferias.
A mídia só abraçou mesmo o gênero nos anos 80, período de abertura política onde o rock ficou atrelado ao sentimento de liberdade. Daí nasceram bandas como Blitz, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Ira! e tantas outras. Nasceu também o Rock In Rio e bandas que viviam à margem, como Plebe Rude e Inocentes, com raízes no punk rock, também tiveram seu lugar ao Sol.
O rock brasileiro é original
Embora, claro, o rock brasileiro tenha bebido de fontes estrangeiras, é impossível negar que o estilo ganhou originalidade durante o passar dos anos. De Nora Ney até aqui, passamos
por artistas singulares que levaram tons tupiniquins à canções que ficaram na história. Podemos citar inúmeros: Mutantes, Secos e Molhados, Raul Seixas, Rita Lee, Ira!, Paralamas do Sucesso, Nação Zumbi, Raimundos, Sepultura...
Viva o rock brasileiro!
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